No dia a dia ouvimos todo tipo de bobagens sobre incontinência! Muitos mitos são perpetuados pela indústria para nos vender produtos mais baratos para eles produzirem, mas que não fazem o trabalho que precisamos. Neste artigo, exploro muitos desses mitos, criados tanto pela indústria quanto por crenças das pessoas e da sociedade.
Apenas idosos são incontinentes e usam fraldas
MITO: Este é um dos mitos mais comuns sobre incontinência. Provavelmente é devido aos muitos comerciais mostrando idosos. A verdade é que existem tantos, se não mais, adultos jovens que vivem com incontinência! As estimativas de indivíduos incontinentes somente nos Estados Unidos estão na faixa de 3 milhões. Isso não inclui aqueles que têm medo de falar com seu médico e tentar “lidar sozinhos” acreditando que é uma parte natural do envelhecimento, e que não são relatados por outros motivos. Incontinência é um daqueles assuntos que as pessoas têm até medo de contar para o médico!
Os casos de incontinência urinária são raros
MITO: Ao contrário do que o senso comum imagina, perdas involuntárias de urina ocorrem com elevada frequência na população em geral. No Brasil, cerca de 10 milhões de brasileiros apresentam algum grau de incontinência urinária e convivem todos os dias com a condição. O que acontece é que, muitas vezes, os pacientes que sofrem com este problema evitam ou adiam a decisão de pedir ajuda profissional, por vergonha. Afinal, é uma condição que provoca muitos constrangimentos e afeta a autoestima, tornando difícil assumi-la e encará-la.
Incontinência urinária é uma doença por si só
MITO: Incontinência é sempre um resultado de alguma outra condição subjacente ou doença que perturba as vias nervosas entre o cérebro, a medula espinhal e a bexiga ou enfraquece os músculos usados para controlar o fluxo de urina. Algumas das condições que causam incontinência são: lesão da medula espinhal, esclerose múltipla, lesão cerebral traumática, cirurgia, parto, infecção e muitas outras coisas. Incontinência também pode ser causada por deficiências cognitivas/mentais, como retardo mental, autismo, entre outros. A incontinência nunca acontece por si só. Sempre há uma causa subjacente e muitas delas podem ser tratadas e a incontinência curada ou significativamente reduzida. Nunca esconda sua incontinência do seu médico. Você pode estar escondendo a cura!
Não posso sair e aproveitar mais a vida
MITO: Esta é uma das crenças mais devastadoras sobre a incontinência! Muitas pessoas acreditam que só porque podem precisar usar fraldas ou outros produtos absorventes ou precisar chegar ao banheiro rapidamente, estão “presas” em casa e não podem sair. Com um pouco de planejamento antecipado, você pode viver tão ativamente quanto antes e ainda gerenciar sua incontinência de forma eficaz sem que ninguém nunca saiba sobre isso ou “descubra”. Eu sou um cara de 42 anos que gosta de malhar, sair com amigos, viajar, entre muitas outras atividades em público. Você acha que o fato de eu usar fraldas me impede de fazer isso? De jeito nenhum! A pior coisa sobre a incontinência é o que as pessoas fazem consigo mesmas!
Todo mundo vai saber que estou usando fralda
MITO: Que crença vaidosa é essa? Se você realmente acredita que as pessoas estão andando por aí e olhando para o seu traseiro ou virilha para ver se o enchimento grosso de uma fralda ou absorvente está lá, a incontinência é o menor dos seus problemas! Os produtos agora são cortados de forma que eles facilmente desaparecem sob roupas do dia-a-dia. Além disso, se você usar uma fralda ou absorvente com um fundo plástico, o barulho do plástico (se houver) pode facilmente ser silenciado simplesmente usando uma cueca justa por cima. Eu só uso uma fralda sob minhas calças e, se a atividade exigir muito tempo antes de conseguir ter acesso a um local adequado para troca, posso estar com uma segunda fralda sobre a primeira com fundo de plástico, para garantir que não haverá vazamento. Nunca ouvi nenhum som do plástico, muito menos percebi um “volume de fralda” sob minha roupa. A menos que você saia por aí anunciando que usa fraldas ou abaixe as calças em público, as pessoas simplesmente não vão saber, muito menos se importar. Eu tenho amigos que são amigos há tanto tempo que sabem tudo sobre mim, exceto sobre minha incontinência, a menos que eu mencione. Não viva com medo. Viva sua vida!
Um produto mais fino é um produto melhor
MITO: Aqui está um mito perpetuado pela indústria. A indústria de fabricação diz “mais fino para a sua dignidade” onde o que eles realmente querem dizer é “mais fino é mais barato para embalar e enviar”. Considerando as fraldas populares, claro. O produto super fino permite ao fabricante usar menos matéria-prima, economizando dinheiro. Quando foi a última vez que você ouviu uma pessoa com incontinência reclamar “Caramba, essa fralda é muito grossa!”, mas ainda assim a propaganda vai tentar convencer você de que mais fino é melhor. Você já comprou papel toalha? Qual é a lógica? “Mais grosso é mais absorvente”, certo? Por que é mais grosso e mais absorvente em papel toalha e papel higiênico, mas mais fino é mais absorvente e melhor em fraldas? Puro marketing e economia de mercado!Portanto, mais fino nem sempre é melhor. Isso será abordado em outro artigo também, mas não acredite no mito ao tentar encontrar um produto que funcione para você. Alguns tipos de incontinência podem exigir fraldas muito mais grossas/pesadas para a adequada proteção e saúde da pele.
A incontinência urinária precisa ser um segredo
MITO: A incontinência urinária é uma condição mais comum do que se imagina e afeta cerca de 10 milhões de brasileiros. Há várias táticas para lidar com essa situação, entre elas: como beber menos água à noite e usar fraldas para evitar constrangimentos. Mas algumas delas, a gente só aprende conversando sobre o assunto entre amigos. Se você conhece outras táticas, compartilhe com a gente! A sabedoria popular tem o seu mérito e você, acima de tudo, sabe que precisa encontrar a melhor solução para a sua saúde e qualidade de vida.
A incontinência urinária masculina pode surgir após tratamento da próstata
VERDADE: Há diversas patologias que podem afetar a próstata ao longo da vida — umas benignas e outras malignas — e também vários métodos para as resolver. Desses procedimentos resultam, com frequência, efeitos secundários, sendo as perdas involuntárias de urina um deles. zA incontinência urinária após retirada da próstata com cirurgia, em casos de câncer de próstata, por exemplo, é comum, graças ao risco de lesionar regiões próximas, como o esfíncter urinário, nervos e vasos locais. Contudo, diferentes organismos reagem de formas distintas — enquanto uns podem sentir o problema de forma intensa e prolongada, outros sentem-no de forma leve e transitória. Além disso, técnicas cada vez menos invasivas (como a cirurgia laparoscópica, por exemplo) permite reduzir a incidência da condição.
A incontinência urinária é mais comum na mulher que no homem
VERDADE: Mulheres têm maior probabilidade de sofrer de incontinência urinária que homens, sendo o tipo mais comum a incontinência de esforço. Os motivos estão relacionados com características próprias do sexo feminino, como a uretra mais curta ou os músculos pélvicos mais frágeis, que fazem aumentar o risco de sofrer de perdas de urina. Situações de gravidez — e consequente parto — e alterações hormonais que surgem com a menopausa também provocam o enfraquecimento dos músculos pélvicos, aumentando, de igual forma, a probabilidade de sofrer da condição.
A incontinência urinária nunca tem cura
MITO: Há progresso científico nesta área e possíveis formas de tratamento da incontinência urinária que funcionam para os homens — tais como medicamentos, técnicas de reabilitação ou até mesmo cirurgia em casos específicos. No caso da incontinência urinária de esforço, por exemplo, o tratamento cirúrgico tem um papel muito importante e a cura é possível em cerca de 90% dos casos. Quanto à incontinência urinária de urgência, o tratamento com medicações orais pode promover melhorias sintomáticas em casos que não há efeitos colaterais severos. A par dos tratamentos é importante adaptar comportamentos que previnam a ocorrência das perdas de urina, tais como controlar a ingestão de líquidos, excluir alguns alimentos e bebidas que estimulem a bexiga ou programar um intervalos fixos para urinar.
